Com humor, “Perdido em Marte” propõe uma ficção científica menos solene
Ridley Scott, um dos principais semeadores da boa ficção científica no cinema, volta ao gênero depois da controversa incursão com “Prometheus” (2012) com o elogiado “Perdido em Marte” (EUA 2015). Estrelado por Matt Damon e com um roteiro esperto de Drew Goddard, do ótimo “Guerra Mundial Z” e da série “Demolidor” da Netflix, o filme tem o mérito de devolver o humor à ficção científica. Pode parecer pouca coisa, mas não é.
O gênero andava muito sisudo e o próprio Scott tinha alguma coisa a ver com isso. Em “Perdido em Marte” ele coloca Matt Damon como um astronauta que é dado como morto por sua equipe durante uma forte tempestade em Marte e que precisa se virar para sobreviver em um planeta de recursos escassos até que a Nasa envie outra missão para lá.
“Perdido em Marte” parte de um futuro em que as expedições ao planeta vermelho já são uma realidade bem estabelecida e parte de seu fascínio reside justamente em ir descobrindo a maneira “realista” com que a Terra avança sobre Marte.
Outro acerto do filme é confiar a Matt Damon, um ator que quando navegou pela comédia (“O desinformante” e “Ligado em você”) o fez maravilhosamente bem, o ritmo do filme. É ele com seu Mark Watney carismático e otimista quem faz a banda de “Perdido em Marte” tocar.
Apesar do ótimo elenco de apoio, com nomes como Kate Mara, Jessica Chastain, Sean Bean, Jeff Daniels, Kristen Wiig e Michael Peña, é mesmo Damon quem norteia o filme.
A bem da verdade, o grande mérito de Scott na direção foi perceber que o show era do ator e que o humor tão presente no texto de Goddard deveria ser valorizado. Não à toa, alguns dos melhores momentos de “Perdido em Marte” vêm de monólogos de Watney.
No mais, “Perdido em Marte” cumpre aquilo se predispõe fazer: remover a solenidade exacerbada da ficção científica. Em tempos de “Interestelar” – que ironicamente conta com Damon e Chastain no elenco -, o novo filme de Scott é um sopro de humildade a um extrato do gênero (o sci-fi com mote espacial) que andava mesmo precisando se redescobrir.
Como diz em bom inglês o personagem de Damon em um dado momento de sua solidão forçada em Marte: “I´m gonna have to Science the shit out of this”. Com um pouco de humor, dá para dispensar a tradução.
Nenhum comentário, seja o primeiro.
Antes de escrever seu comentário, lembre-se: o iG não publica comentários ofensivos, obscenos, que vão contra a lei, que não tenham o remetente identificado ou que não tenham relação com o conteúdo comentado. Dê sua opinião com responsabilidade!